Desafio

O Grupo Sinvepart, proprietário do Monte das Marzalonas, Monte da Faleira e Balhamim, situados no concelho Beja, é gerido por Joaquim e Madalena Freire de Andrade, no seguimento de uma longa tradição familiar. Com uma área conjunta de cerca de 1330 hectares encontramos nestes montes alentejanos uma diversificada produção agrícola moderna e sustentável – vinha, olival, amendoal, pivots e áreas de sequeiro, assim como uma área de montado associada à produção de gado bovino. O desafio lançado à NBI foi o de integrar o conhecimento agroecológico na gestão dos ecossistemas com três objetivos principais: minimizar os impactes da intensificação agrícola nos ecossistemas, aumentar a eficiência e rentabilidade das explorações através do recurso a soluções de base natural e, em simultâneo, integrar uma componente estética de paisagismo funcional. Numa região onde os problemas da intensificação agrícola nem sempre têm sido respondidos da forma mais positiva, investir nesta diversidade de culturas em harmonia com espaços naturais é uma aposta corajosa e diferenciada da gestão.

Projeto

Como em todos os projetos de agroecologia e de gestão de ecossistemas, tudo começa no campo, na identificação e mapeamento do que existe, nomeadamente ao nível da flora, da fauna e outros bioindicadores que nos revelem o estado dos ecossistemas. Com base nesta primeira etapa e na cartografia detalhada de habitats, foi definido um plano de gestão com medidas concretas, que incluíram: um novo desenho para otimização da distribuição de colmeias no amendoal; a colocação de caixas de abrigos para abelhas silvestres para lentamente se diminuir a dependência das abelhas do mel; a integração do paisagismo funcional, com sebes e enrelvamentos desenhados especificamente tendo em conta as características daquele território - há zonas em que as sebes devem conter espécies mais resilientes a condições de encharcamento, por exemplo. Além de atraírem polinizadores e auxiliares naturais importantes na supressão de pragas, como insetos, aranhas, aves e lagartos, as sebes e enrelvamentos contribuem também para a beleza da paisagem.

Como resultado deste trabalho, foram ainda identificados grandes refúgio de biodiversidade em arrifes que importa preservar. Atualmente estamos a criar um mosaico biodiverso na entrada e centro de um dos Montes por forma a embelezar o espaço - que foi invadido por plantas infestantes - e também estamos a projetar um bosque de árvores de frutos e aromáticas que irá beneficiar a população local.

Em paralelo, e num projecto que a NBI está a desenvolver com a CIMBAL – Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo, estamos a recuperar uma ribeira presente neste território.

Áreas de expertise

  • Agroecologia

  • Biodiversidade

  • Gestão de ecossistemas

  • Bioeconomia

Resultados

Na abordagem agroecológica temos de dar tempo para a natureza e as soluções de base natural fazerem o seu trabalho, por isso sabemos que o melhor ainda está por vir. Ainda assim, em menos de um ano já conseguimos alguns “resultados visíveis”, como as sebes funcionais no amendoal que conferem agora à paisagem outra beleza. Estas sebes cresceram bem por serem sebes desenhadas com espécies autóctones e num curto prazo serão refúgios para polinizadores e de controladores naturais de pragas, diminuindo assim a dependência de agroquímicos. Na vinha, as sebes implementadas têm ainda a função de ajudar a definir corredores e no olival o foco foi na gestão criteriosa dos enrelvamentos mais naturalizados.