Desafio

A LIPOR é a entidade responsável pela gestão, valorização e tratamento dos resíduos urbanos produzidos no Grande Porto. No decorrer de 20 anos, a LIPOR transformou uma lixeira num um aterro sanitário e, posteriormente, o aterro num parque verde urbano. A NBI foi desafiada a avaliar em que medida os investimentos se traduziram economicamente em benefícios ecológicos (ao nível do carbono, solo, incêndios e habitats e biodiversidade), socioecológicos (hortas) e sociais (recreio, estética e educação). A questão inicial era: será que o investimento financeiro realizado ao longo desses 20 anos compensou o retorno social e económico da biodiversidade e serviços dos ecossistemas?

Projeto

Numa primeira fase, identificaram-se os momentos de gestão chave adotados pela LIPOR, e os serviços dos ecossistemas mais relevantes para o bem-estar humano que resultaram dessa mesma gestão.

Numa segunda fase, foi feita uma compilação de toda a informação disponível para a identificação de valores de investimento e identificados indicadores de valoração de serviços dos ecossistemas e respetivos benefícios, tanto de índole ecológica, como o carbono armazenado, as emissões evitadas, o número de espécies de plantas em viveiro; como de índole social, como o número de visitantes do parque e do trilho e o número de participantes na corrida Colour run, que passou por aquele espaço. 

Na fase final avançou-se com a valoração económica dos benefícios gerados por esses serviços dos ecossistemas, adotando-se a metodologia TEEB – The Economics of Ecosystems and Biodiversity, para identificar, quantificar e valorizar as contribuições dos ecossistemas geridos pela LIPOR, para as diferentes dimensões de bem-estar humano.

Áreas de expertise

  • Serviços dos ecossistemas

  • Valoração económica dos serviços dos ecossistemas

Resultados

De forma sumária e estimada, podemos dizer que o valor económico total dos contributos da biodiversidade e serviços dos ecossistemas foi, pelo menos, 12 vezes superior ao investimento financeiro realizado.

Apesar de, numa fase inicial, o investimento ter sido maior do que os outputs de serviços de ecossistemas, ao longo do período considerado, observou-se uma diminuição do valor de investimento e um aumento no crescimento de valores de benefícios. Esta tendência é particularmente proeminente no caso dos benefícios de índole ecológica e socio-ecológica.

A LIPOR é um exemplo vivo de como a gestão inteligente de dinheiros públicos associada à aposta na natureza e no desenvolvimento social e económico geram benefícios públicos e privados. Ou seja, para que as folhas de cálculo e os relatórios e cotas das empresas traduzam efetivamente quais os outputs dos investimentos em bens e serviços ambientais e ecológicos – que não podem ser apenas vistos na ótica dos custos - , é fundamental integrar esta informação na gestão estratégica, financeira e operacional das empresas.